quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bullying – O que é e quais os sinais de alarme?

Em primeiro lugar importa referir que, no bullying, o agressor é aquele que vitimiza, física ou emocionalmente, alguém que aparenta ser menos poderoso.

O Bullying envolve normalmente uma ou várias crianças mais velhas, ou mais poderosas, que vitimizam outra criança que é incapaz de se defender. Embora a maior parte das ocorrências relacionadas com o bullying fiquem sem serem reportadas, estima-se que, numa escola normal, ocorre uma caso de bullying em aproximadamente cada 7 minutos. Esta taxa é sempre a mesma independentemente do tamanho da turma ou da escola. Ainda assim, por razões desconhecidas, as escolas rurais têm uma taxa maior do que as urbanas ou suburbanas.

Mesmo nos casos reportados, muitas vezes denota-se uma subvalorização dos professores e dos pais, porque muitos acreditam que as crianças devem saber “defender-se” ou “responder de volta” por si sós.  

Embora os agressores estereotipados sejam os rapazes, na realidade os casos ocorrem de igual forma com as raparigas. Estas crenças devem-se, na sua maior parte, pelo facto dos rapazes agredirem-se mais visivelmente, ou seja, fisicamente. Já as raparigas tendem a agir de forma mais grupal através da exclusão social e espalhando rumores. Até as raparigas que, aparentemente e individualmente, não tenderiam a serem agressoras, muitas vezes fazem parte de grupos que praticam o bullying sobre outros indivíduos, por exemplo, através de cadernos que circulam entre o grupo de pares, onde criticam e comentam as vitimas de bullying.

O Bullying inicia normalmente muito cedo, não sendo de espantar se encontrarmos agressores na pré-escola. Até aos 7 anos os agressores escolhem as suas vitimas de forma aleatória, posteriormente esta escolha é feita de forma específica, para atormentarem de forma regular.
O assédio moral vai-se tornando mais regular à medida que as crianças envelhecem. Simultaneamente, à medida que os agressores envelhecem, eles usam cada vez menos os abusos físicos para se tornarem cada vez mais verbais.

Já a popularidade dos agressores, à medida que envelhecem, vai-se desvanecendo. Ou seja, a sua média de 2 ou 3 amigos e admiração colectiva da sua resistência física passa, na escola, a uma diminuição da aceitação social ao ponto dos seus únicos amigos serem outros agressores.
Apesar da sua falta de popularidade, os agressores têm uma auto-estima relativamente alta. Talvez devido ao facto de processarem a informação social de forma. Por exemplo, os agressores atribuem intenções hostis às pessoas que os rodeiam, vendo provação onde normalmente não existe. “O que é que estás a olhar?”, é uma das frases normais nos agressores. Para eles, esta interacção agressiva serve de justificação para um comportamento.

Geralmente, o alvos dos agressores têm uma visão negativa da violência, chegam até a percorrer um percurso alternativo (caminho da escola) de forma a evitarem confrontos/conflitos. Tendem também a serem crianças/jovens solitário(a)s que exibem sinais de vulnerabilidade antes até de serem escolhidos pelos agressores.

Ser uma vítima de bullying leva a que a criança, que já tem uma baixa auto-estima, sinta-se mais ansiosa e, consequentemente, fique mais vulnerável. Ser alvo de bullying resulta num isolamento e rejeição social pelos pares, levando as vítimas a internalizar outras visões negativas, diminuíndo ainda mais a auto-estima.

Embora o bullying diminua na adolescência, é nesse período que a rejeição dos seus pares se torna mais dolorosa para as vitimas, levando em alguns casos ao suicídio. Sabe-se hoje que o bullying não é algo que se ultrapasse, como fase normal do crescimento, mesmo porque estudos indicam que parte dos agressores tornam-se criminosos em adultos, sendo provavelmente abusadores dos seus cônjuges ou filhos.

Assim, os sinais de alarme são:
1.      ira intensa,
2.      Ataques de fúria,
3.      Irritabilidade extrema,
4.      Frustrar-se com frequência,
5.      Impulsividade,
6.      Auto-agressão,
7.      Poucos amigos,
8.      Dificuldade para prestar atenção, e
9.       Inquietude física

Em qualquer um dos casos, do agressor ou da vítima, aconselha-se acompanhamento psicológico.

Psicóloga Dália Matsinhe,
Mestre em Psicologia Social
Licenciada em Psicologia Criminal

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